quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A empresa sustentável

Ok, “A empresa sustentável” não é um livro novo. Pelo contrário, tem mais de dois anos. Porém vou escrever sobre ele de qualquer forma, afinal, é um super livro! Mas primeiro vou falar da minha história , pois foi a partir de sua leitura que efetivamente optei por sustentabilidade corporativa. Sendo um pouco dramática, diria que foi um divisor de águas na minha vida profissional.

Explico: no final de 2007 já estava pensando em qual seria o tema da monografia de conclusão de curso e estava em dúvida entre o estudo de caso da Souza Cruz e o da Vale. Nisso uma grande amiga (e minha musa inspiradora) me deu um livro de presente e disse: leia porque você vai gostar. Confesso que na época não estava satisfeita com os rumos do MBA. Não que fosse problema de qualidade ou nível dos professores. Apenas não era o que eu procurava como linha de estudo e de prática.

E foi lendo “A empresa sustentável”, de Andrew Sativz e Karl Weber que encontrei exatamente o que eu queria. A partir daí parei de pensar por completo em responsabilidade social e passei a me focar em sustentabilidade. Mas o que esse livro tem de tão especial? Para começar, por mais estranho que possa parecer, é um livro prático, recheado de cases, e também um guia de implementação do conceito em uma empresa.

Logo no início o livro traz uma das melhores definições de sustentabilidade corporativa que eu já li: “é a gestão do negócio de maneira a promover o crescimento e gerar lucro, reconhecendo e facilitando a realização das aspirações econômicas e não-econômicas das pessoas de quem a empresa depende, dentro e fora da organização”. Isso, por si só já faz cair por terra a responsabilidade social/ambiental, que tem um sentido mais voltado para as obrigações da empresa com a sociedade em geral e com a mitigação de impactos.

A grande diferença entre “A empresa sustentável” e outros livros que tratam do assunto é que ele não é um livro técnico, citando ferramentas ou certificações. É fundamentalmente um livro de negócios, voltado para a administração das empresas. Tanto é que deixa muito claro que sustentabilidade em nada tem a ver com filantropia. Pelo contrário, é um mecanismo que potencializa a empresa a conquista de diversos benefícios e tem como “sweet spot” (não sei traduzir isso. Ponto doce é estranho) a busca do lucro aliada à busca pelo bem comum.

No aspecto mais operacional, o livro aborda os processos de negócio que estão sendo integrados ao movimento de sustentabilidade corporativa e dedica páginas e páginas à importância do envolvimento com os stakeholders, citando exemplos reais de como isso impacta positivamente ou negativamente as empresas. Andrew Savitz e Karl Weber ainda propõem o ponto de partida através de uma análise de SWOT, integrando a sustentabilidade ao que diz a empresa, como ela opera, a natureza do seu negócio e como o conceito se aplica ao setor de atividade em que a organização está inserida.

A partir do posicionamento e da maturidade da empresa, os autores sugerem mecanismos para identificar oportunidades de implementação, como a análise das necessidades do cliente, treinamento, inteligência competitiva, supply chain etc. E fala de um tema pouco citado em outros livros e até mesmo nos meios acadêmicos: a gestão da cadeia de valor e da complexidade de sua administração nos mais diversos segmentos de atuação das empresas.

O livro também aborda boas metodologias para implementar com sucesso a sustentabilidade corporativa. Alinhados a modernas práticas de gestão empresarial, Andrew Sativz e Karl Weber falam da necessidade de mecanismos de avaliação que vão além dos balanços sociais. Falam, ainda, do desenvolvimento da cultura da sustentabilidade e do quanto é importante que o conceito seja disseminado de cima para baixo, com a necessidade do engajamento do alto escalão das empresas.

Poderia ficar aqui detalhando muitos aspectos do livro, afinal, em menos de dois anos li-o três vezes e foi uma das minhas referências para o trabalho de conclusão do MBA. Mas resumindo: para quem é da área ou tem interesse em conhecer mais a fundo o conceito, suas potencialidades e sua implementação, mais do que recomendado. E para quem trabalha ou simplesmente gosta de administração, é a chance de estar em contato com um modelo que terá grande impacto na gestão empresarial daqui para frente. Ou seja, um livrão!

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