Muito se tem falado a respeito do vazamento de petróleo que ainda ocorre no Golfo do México, nos EUA. Para quem não sabe exatamente o que aconteceu, recapitulemos: Depois de dois dias em chamas, a plataforma Deepwater Horizon, de propriedade da empresa Transocean, a serviço da antiga British Petroleum, atual Beyond Petroleum, afundou em 22 de abril, deixando além de imenso rastro de óleo, onze desaparecidos.
Desde então, três va

Pois bem, situação contextualizada, olhemos o problema sob outra ótica, e é aí que fica o grande alerta: a ótica da sustentabilidade corporativa.
No mercado em geral, não apenas o de Oil & Gas, a BP até então tinha (ou ainda tem) uma imagem de sustentabilidade muito austera. Considerada uma das empresas mais inovadoras e visionárias do setor, (foi a primeira a enxergar que o negócio não era exploração de petróleo, mas energia) ainda no final da década de 90 ela já sinalizava preocupação com questões ligadas ao meio ambiente, mostrando interesse em biocombustíveis e buscando alternativas para minimizar o efeito das mudanças climáticas. Tudo isso quando o assunto ainda era muito pouco discutido.
Em 2006, instituições reputadíssimas como a Utopies, consultoria voltada para negócios sustentáveis, a AccountAbility, que defende a ética e a transparência na prestação de contas e a GRI consideraram o relatório de sustentabilidade da BP o modelo a ser seguido por todas outras empresas no mundo. No relatório em questão, pontos sensíveis como demissões, desmatamento e emissões de GHG foram abertamente citados, com apresentação de detalhes e estatísticas.
Ainda neste relatório, a BP mencionou um caso bastante delicado, que foi a explosão de sua refinaria no Texas em 2005, causando a morte de 15 funcionários e considerado, até então, um dos maiores acidentes da história da empresa. Opa, um acidente! Vamos pensar: em um bom relatório de sustentabilidade apontamos não apenas os nossos problemas, mas o que vem sendo feito para minimizá-los ou eliminá-los, além da gestão dos riscos do negócio.
Mesmo que a natureza do acidente seja diferente do que aconteceu em abril,

Cinco anos de diferença entre dois grandes acidentes é muito pouco tempo. Não estamos falando de reputação, de comunicação eficiente, de imagem, de gestão de crise ou de relatórios impecáveis. Estamos falando de uma tragédia sem precedentes que põe o mundo inteiro em alerta. São fauna e flora em risco, praias e mananciais ameaçados, navegação e pesca comprometidas, sem contar a vida econômica de toda região.
Aí vem a pergunta: seria a BP uma empresa efetivamente sustentável? Os relatórios e a opinião pública dizem que sim. Pelo menos diziam até o dia 22 de abril. Mas na real, o que, está por trás das informações contidas nos relatórios de sustentabilidade? Aliás, qual a sustentabilidade realmente praticada no dia-a-dia corporativo, que não chega à mídia e que o público jamais vai saber?