segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um papo sobre ética

Sim, ética é algo muito básico para se falar quando o assunto é sustentabilidade corporativa. É tão básico, mas tão básico, que muitas pessoas se esquecem de praticá-la. Sim, pessoas. Porque por mais que se fale de valores corporativos, são os nossos valores pessoais que moldam o lugar onde trabalhamos. 

Não me lembro se foi esse ano ou ano passado que recebi um e-mail do meu ex-analista de investimentos do Geração Futuro. No e-mail ele informava que tinha se desligado da empresa e que estava trabalhando para a XP. Entendível, mas errado. Eu não sou cliente dele, sou cliente do Gera; forneci meus dados para a empresa, não para uma pessoa. E aqui ainda se tem o agravante de que o GF tem meus dados financeiros.

Para piorar, além de ter usado indevidamente o banco de dados da antiga empresa, ele tentou me captar como cliente e me colocou no mailing list de onde ele está trabalhando atualmente. Tudo sem a minha autorização. Pois bem, esse assunto já foi resolvido, apesar de eu ainda continuar recebendo spam. Mas o caso aqui não é esse. Foi apenas um exemplo para contextualizar. Vamos para onde eu quero chegar. 

Suponhamos que um funcionário que lida diretamente com clientes, independente do escalão, saia de uma empresa e leve os contatos que fez lá para o novo emprego. E aí ele manda o tal do email, ou, se for mais cara de pau ainda, liga. Pergunto: vocês acham isso ético? Porque eu não acho. E não venham me dizer que os contatos foram construídos pela pessoa. Ela foi paga para isso.

Nessas horas fico pensando se eu me choco demais ou se isso é prática do mercado. Conversando com algumas pessoas, vi que, infelizmente, me choco demais e que sim, é uma prática do mercado. Mas sabe o que me deixa mais estarrecida na história? É que tem muita gente que ignora a falta de ética e troca de fornecedor (ou no caso aqui de analista de investimentos) sem a menor parcimônia. 

E aí me pergunto: cadê o RH que, ao fazer um recrutamento e seleção com base nas competências, se esquece de olhar valores? Não apenas daqueles que saem e roubam os contatos, mas também daqueles que acham que ética não é um valor relevante na hora de criar sua rede de relacionamento/fornecedores. Acreditem ou não, isso também é sustentabilidade e se preocupar com isso evita muita dor de cabeça.

3 comentários:

Julianna Antunes disse...

Um papo sobre ética foi escrito e postado no dia 04/10/2010.

Cabral disse...

Julliana,

Concordo com você. E acrescento que infelizmente o setor de RH dessas empresas procuram exatamente os analistas que possuem o maior nível de conhecimento/relacionamento que tiveram nas empresas anteriores para aplicarem à nova.
E olhar os valores? Talvez seja uma oportunidade de lembrá-los que analisar isso também é importante para manter este mesmo profissional em sua empresa.

Abs
Thiago Cabral

Laís Yazbek disse...

Oi Juliana!

Também concordo com você, mas fiquei me perguntando, como avaliar valores em uma entrevista??

Há um tempo atrás fiz entrevista para uma vaga de "analista de ética" em uma consultoria de SP. Um dos serviços oferecidos pela consultoria é a aplicação de um software para mapear os valores dos funcionários e identificar quais os mais propensos a atitudes anti-éticas dentro da empresa. Eu tive que passar pelo mesmo teste e achei um absurdo me avaliarem daquela maneira, eu tinha menos de 10 seg para responder cada questão do programa e era simplesmente para verificar se você se contradizia em alguma resposta.

Também tive uma entrevista com uma mulher que dizia que era treinada para captar mentiras através das expressões e o melhor que eu tinha a fazer era contar a verdade (pura pressão).
As perguntas (tanto do software qto da entrevista) variavam desde se eu já fumei maconha até se eu aceitaria ou pagaria suborno para alguém. Mas essas perguntas eram completamente sem contexto. Por exemplo, na minha situação financeira atual, eu não aceitaria nem pagaria suborno, mas se eu não tivesse dinheiro nem para me alimentar eu não teria como prever qual seria minha atitude - são situações extremas. Eles não consideravam meio termo, independente do contexto minha posição tinha que ser a mesma! Não concordei com o processo, fui extremamente sincera e obviamente não passei! Melhor assim....

Me considero uma pessoa com valores éticos fortes, mas fiquei pensando...Como eles poderiam avaliar isso atualmente em um mundo que muitas pessoas mentem nas entrevistas de emprego?

Bjs