quarta-feira, 3 de julho de 2013

Sustentabilidade reversa – como estão utilizando o meu produto?


De alguns anos para cá tenho ouvido muito falar da importância da rastreabilidade dos produtos, do monitoramento da cadeia de fornecedores, da corresponsabilidade das empresas com todo o processo. Ok, isso faz muito sentido em um mundo globalizado e da forma integrada que aa sustentabilidade corporativa deve ser encarada.

Mas pensemos em fazer o caminho contrário. Eu sou uma empresa. Quem usará o meu produto? Com qual finalidade ele será utilizado? Não estou falando de como o produto será fabricado ou descartado; estou falando da utilidade mesmo.

Sou uma mineradora. Qual será a destinação do ferro que eu vendo? Será que na transformação do ferro em aço, este será vendido para a indústria armamentista? Será que o ouro irá para a construção de equipamentos médicos que salvarão vidas ou alimentará um consumo desenfreado e na maioria das vezes fútil pelo luxo?

Nos produtos de commodities é mais claro estabelecer a sustentabilidade reversa (ok, assumo que inventei esse termo). Citei o bom e mau uso do minério extraído (não confundir bom uso do minério com mineração sustentável), mas pergunto, o quanto de especulação do preço do milho, por exemplo, se deu em 2012 por conta do lobby da indústria do etanol e da gasolina? O que isso significou para a mesa do americano de baixa renda que tem o produto como um dos principais alimentos de sua dieta?

Para falar dessa lógica nos produtos manufaturados, é preciso entender marketing sustentável. Aqui não estou falando de empresas utilizando o marketing clássico para promover produtos sustentáveis. Há todo um processo diferente que trata tanto da integração do marketing com outras áreas, como a legitimidade do produto, seja no quesito aceitação social, seja na segurança do uso desse produto.

Aí, quando falo na sustentabilidade reversa de produtos finais, seria algo mais ou menos assim: qual o nível seguro para se beber cerveja ou fumar um cigarro, por exemplo, de forma que não comprometa a integridade de terceiros? Porque o problema não é eu beber e assumir o meu risco nesse ato. O problema é colocar em risco outras pessoas. Será que meu produto potencializa o aumento violência, a perda de qualidade de vida ou causa algum tipo de dano?

A questão é que durante muito tempo acreditou-se que a responsabilidade de uma empresa acabava quando o produto era vendido. Hoje tem logística reversa devolvendo a responsabilidade das empresas pelo descarte. No entanto, quando falamos de sustentabilidade de verdade, a responsabilidade da empresa simplesmente não acaba.

Empresa sustentável não significa uma empresa que pratica a produção mais limpa aliada à eficiência operacional. Empresa sustentável é aquela que se preocupa com o uso do seu produto e como ele pode melhorar ou piorar a vida da população.

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2 comentários:

Maria Odete Pinho disse...

Excelente artigo Julianna!

É preciso que as empresas façam esses tipos de questionamentos muito antes de pensar em fabricar seus produtos, pois só assim elas estão caminhando para a sustentabilidade.

Maria Odete A Pinho
Gestora Projeto AJO Ambiental

Vanessa Faria disse...

Bacana o texto!

Me fez pensar que ao invés das empresas terem seus projetos de Responsabilidade Social e Sustentabilidade ligadas a atividades sem qualquer afinidade com os seus negócios, poderiam utilizar sua "expertise" para criarem projetos relacionados a questão da Logística Reversa ou como você diz da Sustentabilidade Reversa!

Pensei errado?

Abraço