segunda-feira, 1 de abril de 2019

A importância da área de RH para a sustentabilidade e vice-versa

Sustentabilidade corporativa para ser sustentabilidade de verdade, deve ser uma área cross. Ou seja, ela deve estar presente em tudo e ser um fator de integração na empresa. Eu, particularmente, sou da filosofia de que a área nem deveria existir, mas sim ser uma competência de todos os profissionais e uma etapa presente na operação de todas as áreas. Ok, utopia, mas continuo com o mantra de que trabalho para acabar com o meu emprego. Empresas fodas deveriam pensar assim. Um dia, no futuro, uma vai pensar e o resto vai seguir o fluxo. Porque é assim que funciona. Precisa um louco ousar para o business as usual adotar a prática.

Mas voltando à realidade de que hoje a área de sustentabilidade continua existindo e vai continuar assim por muito e muito tempo, reforço a necessidade de atuação integrada com as demais áreas. Não tem como ser diferente. Se a empresa não olha a sustentabilidade pela perspectiva dos processos, ela está brincando de fazer sustentabilidade. Independente da verba que ela dispõe anualmente, independente da quantidade de pessoas envolvidas e do escopo dos projetos realizados.

Uma das parcerias mais importantes para a área de sustentabilidade dentro de uma empresa é a que ela vai estabelecer com recursos humanos. Isso acontece desde os fundamentos mais básicos de ambas as áreas, até questões mais complexas. Por exemplo, ética, que é básico do básico da sustentabilidade. Na maioria das empresas o código de ética é desenvolvido pelo RH. Mas pergunto: quantos RHs se dispuseram a trabalhar junto com a área de sustentabilidade ou consulta-la na hora de estabelecer a ética e os valores corporativos?

Outra questão que agora está super na moda: diversidade. A modinha fez um monte de empresa querer ter um programa diversidade para chamar de seu e várias criaram uma área própria para isso. Sério, não precisa chegar a tanto. Na minha opinião diversidade não é área própria, mas escopo de RH. Só que não é dela sozinha. Porque diversidade também é pauta básica da sustentabilidade. Então é mais um momento e uma excelente oportunidade de as duas áreas juntarem seus trapinhos e, juntas, gerarem mais valor para a empresa.

Mais outra: recrutamento e seleção orientado para a sustentabilidade. Aqui não estou falando do perfil do profissional de sustentabilidade, mas das competências básicas que todos os funcionários, independente da área e do nível hierárquico, devem ter para trabalhar na empresa. Esta é, certamente, a mais negligenciada, o que é uma pena. Não me lembro de uma empresa que exija características de sustentabilidade para contratar funcionários, apesar de já ter visto esboço nesse sentido.

Trazer a sustentabilidade para o momento de recrutamento e seleção é, sem dúvidas, a ação muito, muito, muito impactante e a que mais pode se aproximar do ideal utópico de não precisar existir a área no futuro. Mesmo sendo ousada e mesmo estando hoje apenas no campo da teoria, ela é plenamente viável. Mas para ser possível é necessário o trabalho em conjunto de sustentabilidade e recursos humanos no desenho dessa estratégia.

Pensando pela outra perspectiva, a de como o RH pode ajudar a sustentabilidade, vejo três oportunidades: primeiro é no desenvolvimento da cultura da sustentabilidade. A sustentabilidade precisa do RH no desenvolvimento de diretrizes, de posicionamento da empresa, no desenho e na execução do plano de ação. Aí vem o segundo ato, que é o treinamento para a sustentabilidade, seja para a própria área, seja para toda a empresa.

Treinamento não é e nem precisa ser expertise de um profissional de sustentabilidade. Por isso, a forma mais eficaz de alcançar bons resultados e gerar valor para a empresa é envolver profissionais de recursos humanos que sejam responsáveis por esse processo. Porque a gente tem o conteúdo, mas eles têm todos os paranauês.

Pausa para um suplico: EaD não, por favor! Se você não quiser matar a capacitação em sustentabilidade, não faça EaD. Um dia explico o porquê. Fim da pausa.

Por fim, como ato final dessa sinfonia humanamente sustentável, trago a questão mais crítica que nós, profissionais de sustentabilidade, nos deparamos e nosso desafio diário: engajamento interno. Porque simplesmente não tem como falar de sustentabilidade corporativa se ela não é um valor posto em prática pelos funcionários em sua rotina de trabalho. E aí pergunto: quem pode nos ajudar nesse pepinão? O RH. Ah, o RH...


1 comentários:

Unknown disse...

Puxa Juliana, realmente este é o caminho. Um enorme desafio para algumas empresas. Ainda mais aquelas que tem pessoas no RH com cabeça de alfinete.