segunda-feira, 8 de abril de 2019

E se não existisse a área de sustentabilidade nas empresas?

Vocês já pararam para pensar como seria se as empresas não tivessem a área de sustentabilidade? Não estou ironizando as empresas que chamam meio ambiente de sustentabilidade, ou reúne meia dúzia de projetinhos sociais e fala que isso é sustentabilidade. Faço a pergunta de forma séria mesmo. E se a área como ela deve ser hoje simplesmente não existisse, como seria?

Quem me conhece sabe que há pelo menos 12 anos, quando comecei a trabalhar especificamente no setor, falo sobre o fim dela. Sim, meus caros, há 12 anos trabalho pelo fim do meu emprego e infelizmente digo que ele está longe de acabar. O que é uma pena. Mas antes de vocês acharem que eu enlouqueci, deixe-me explicar.

Conforme escrevi no longínquo ano de 2016, a sustentabilidade corporativa tem múltiplas facetas. Logo depois de sair da fase responsabilidade social, abracei a causa da sustentabilidade atrelada aos processos. Apesar de hoje lidar com coisas relativamente mais complexas, não tem como eu deixar esse legado para trás. Afinal, o básico do básico do básico da sustentabilidade nas empresas está totalmente ligado a processos.

Mas Julianna, o que isso tem a ver com existir ou não existir a área de sustentabilidade dentro de uma empresa?

Tudo, meus caros. T-U-D-O.

Vamos pensar aqui: uma empresa cria a área e ela tem o seu gestor, seus analistas, o estagiário... Afinal, todo mundo é filho de Deus e tem direito a um estagiário. Se a sustentabilidade trabalha atrelada aos processos, ela vai atuar super integrada aos demais setores da empresa, seja nas áreas de negócio, seja, principalmente, nas áreas operacionais. Como falei num dos textos mais legais e mais acessados que escrevi aqui, a sustentabilidade acontece de verdade na operação da empresa e não com a bunda sentada na cadeira em frente a um computador.

E aí que a verdadeira missão das pessoas que trabalham com sustentabilidade nas empresas é, justamente, fazer com que as outras áreas sejam sustentáveis. Ela não é e nem pode ser isolada. Sim, falo isso há séculos, mas nunca vou me cansar de repetir: não tem o menor sentido uma empresa achar que é sustentável apenas porque criou uma área de sustentabilidade em seu organograma.

Dito isto, salto para a questão mais filosofal e o ápice dessa minha reflexão. No mundo ideal, partindo do princípio que a sustentabilidade está tinindo dentro dos processos e os colaboradores estão engajados, assim como os stakeholders, posso assumir que o conceito é maduro o suficiente dentro de uma empresa. E aí eu provoco vocês: se a empresa tem a sustentabilidade em um nível world class, por que ela precisa de uma área específica para isso? Não é responsabilidade de cada processo, de cada setor, de cada área, fazer a sua parte?

Ain, Julianna, quem vai fazer o relatório? A área de comunicação, ué! Quem vai fazer diálogos com stakeholders? A área de assuntos corporativos, oras! Quem vai fazer o engajamento? Sabe a galera de comunicação? Entonces, ela de novo... Quem vai tocar os projetos de meio ambiente? As operações, carambola! E as ações com os fornecedores? Meu Deus, a área de suprimentos! E a área de logística, e a área de marketing, e a área de trade, e a área de finanças, e a área de RH... e qualquer área vai ter a sua cota de responsabilidade com a sustentabilidade.

Utopia? Não, não mesmo. Como disse antes, é uma agenda que tenho há 12 anos. O problema é que há, pelo menos, 12 anos, as empresas não se dispõem a amadurecer a sustentabilidade e ficam gastando rios de dinheiro em atividades e rotinas pouco efetivas.


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