quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

A sustentabilidade e a geração millennial


Há muito, muito tempo, nos primórdios do blog, escrevi sobre sustentabilidade e a geração Y, que hoje é mais conhecida como geração millennial. Sinceramente, nem revisitei esse texto e não pretendo. Não pretendo porque há mais de 10 anos ainda não se sabia muito bem o que essa geração representava para a sustentabilidade. Hoje está melhor desenhado e acredito que possa ter uma melhor opinião sobre o tema.

É claro que tudo que eu vier a falar aqui não tem embasamento científico ou metodológico algum. É muito mais minha percepção do que qualquer outra coisa. Ainda assim, se alguém discordar de algo ou souber de alguma pesquisa que aponte o contrário, é só me avisar que terei o maior prazer em permitir o contraponto.

Pois bem, de 2009 para cá, o que ficou muito evidente é que os millennials (geração que me incluo) estão muito mais abertos à sustentabilidade que as gerações anteriores. De forma generalizada, eles (nós) gostam da causa e procuram ter um comportamento muito mais responsável que seus pais, por exemplo. E eu acho isso bem bacana.

O grande problema, (me tirando bem fora dessa, óbvio) é que os millennials são uma geração um tanto quanto superficial, que se deslumbra fácil e aceita as coisas sem muito questionamento. É aí que mora o perigo. Hoje em dia vejo muitas pessoas falando sobre sustentabilidade, minimalismo, veganismo, greve do clima, copo do menos 1 lixo, canudo de metal etc etc etc. Só que a percepção que tenho é de que é tudo muito intensamente raso.

Porque o millennial é intenso, ah, como é. Ele é um apaixonado. Não sei se por causas ou apaixonado por estar apaixonado. Mas ele também aceita tudo muito passivamente e corre o risco de ser manipulado pelo old marketing que resiste como nunca. Vamos a um exemplo bobo. Porque as pessoas passaram 2019 INTEIRO falando que o canudo de plástico era o grande vilão da sustentabilidade. O que o millennial fez?

Além de demonizar o tal do canudo, criou um mercado para canudos alternativos, desde, é claro, que sejam bem instagramáveis. Porque se não render uma boa foto nas redes sociais, o ativismo não vale nada, né? Mas questionar se realmente precisa de canudo, ninguém faz. O bagulho é tão louco, que eu vi gente pagando de sustentável tirando foto com um canudo reutilizável dentro de um copo plástico. Oi?

Outro exemplo: copo Menos 1 Lixo. Não vou entrar no mérito da composição do produto, que, sim, não é nada sustentável, mas falarei de algo muito mais simples: o preço. Fazendo busca hoje, no dia em que estou escrevendo este texto, 05/01/20, até encontrei nas Americanas por 37,99. Surpreendentemente ele está barato, já que o preço médio bate na cada dos 50 reais. CINQUENTA REAIS. Num copo.

Então eu pergunto: você tem um copo Menos 1 Lixo porque você realmente está preocupado em não usar sei lá quantos copos descartáveis por dia ou porque é descolado tirar da bolsa um copo de silicone retrátil? Porque se você só estiver preocupado em não utilizar sei lá quantos copos descartáveis por dia, tem várias alternativas mais baratas e até mais sustentáveis. Mas que não são instagramáveis e nem te dá aceitação social no grupo.

A questão é, minha odiada e amada geração, bom senso e análise crítica são pré-requisitos básicos para um comportamento sustentável. Porque sem eles, a chance de ser manipulado pelo velho e resistente modelo de comunicação, persuasão e consumo é altíssima. A única coisa que vai mudar em relação às gerações anteriores é que agora estaremos comprando produtos sustentáveis. E tão desnecessários quanto qualquer outro.

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