quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ressocialização e o sistema penitenciário

Ontem recebi um convite via Riot para um debate que aconteceria no Oi Futuro a respeito de sistema penitenciário e ressocialização. Como não poderia ir, o Daniel, um cara bacana e que é bem ligado em sustentabilidade, foi me representando e de forma espontânea escreveu o texto que será o post de hoje. Segue (com alguns pitacos meus):

Muitas vezes ouvimos falar que uma pessoa após passar pelo sistema prisional brasileiro volta para as ruas pior do que quando saiu. Pesquisas corroboram esse pensamento: de cada dez presos no país, oito voltam a praticar crimes. Sabendo da importância do tema e do quão delicado ele é, um debate para falar de ressocialização marcou o evento que ocorreu ontem no Oi Futuro.

Por mais que a sociedade demonstre certa resistência em relação aos ex-detentos, pude ver, através do debate realizado com José Junior, Rafael Dragaud, diretor do programa Conexões Urbanas, exibido pelo Multishow, o Sr. Sauler, responsável pela unidade penitenciária de Bangu, o Sub-Secretário de Tratamento Penitenciário Marcio Lips e o ex-detento Norton Guimarães, que diversas ações estão acontecendo longe dos olhos da sociedade civil.

A grande questão é que estamos acostumados a ver presidiários e presídios como um mundo à parte; um mundo apenas de violência. Enquanto o Estado tem obrigação de humanizar seus cidadãos, nós não fazemos o nosso dever. Somos preconceituosos e isso é um dos principais fatores que dificulta a reinserção de ex-presidiários na sociedade.

Sabendo dessa condição, o AfroReggae criou o Projeto Empregabilidade, que tem como objetivo, através de parcerias com grandes empresas, promover a inclusão social de pessoas que vivem em favelas, egressos do sistema penitenciário e pessoas que decidiram deixar o crime. Até o presente momento, o projeto, coordenado pelo ex-detento Norton Guimarães, já ressocializou mais de pessoas no Rio de Janeiro.

Além desse projeto, o Estado capacita quem ainda está cumprindo sua pena e de uma maneira sustentável. Segundo o Dr. Marcos Lips, que cuida da parte infraestrutura para os detentos, eles são treinados dentro dos próprios presídios para fabricação de embalagens de alumínio para comida, máquinas que contam as embalagens e construção de prédios com tijolos artesanais.

(pausa para eu, Julianna, inserir uma informação ao texto que é bem pertinente)

Em uma ação da Associação Justiça Social e da Secretaria de Estado da Justiça do Espírito Santo, o artista plástico Silvio Alvarez ministrou em abril deste ano dez oficinas de colagem para os internos da Penitenciária Agrícola de Viana. Para quem não o conhece, o Silvio faz arte com material reciclado e trabalha bastante o conceito de sustentabilidade em suas criações, além de em suas oficinas reforçar a questão da geração de renda. (fim da pausa)

Muito mais do que ações isoladas e/ou pontuais, é importante a conscientização e o entendimento de como o ato de ser reinserido de volta à sociedade está ligado à sustentabilidade. Devemos pensar que, por mais que cobremos do poder público medidas repressivas, re – socializar, re – aprender, re – gressar e re – formular são a garantia de que no futuro viveremos em uma sociedade menos violenta e mais justa. Ah, e fica a chamada para o papel fundamental da mídia na facilitação desse processo e o pedido para que ela também  ressalte o que de bom se produz atrás das grades.

2 comentários:

Julianna Antunes disse...

Ressocialização e o sistema penitenciário foi escrito e publicado no dia 04/08/10

Anônimo disse...

Ficou ótimo os seus pitacos. Obrigado. Amanhã irei ao evento do ESPM, apesar de não ter certeza de lugar. Um bjo gde.