sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Qual o real critério para uma empresa ser listada em um índice de sustentabilidade?

O tema de hoje me veio à cabeça recentemente em uma conversa com amigos via Facebook quando o tema da discussão era o fato de eu estar em vias de processar a TIM. Conversa vai, conversa vem, um amigo fala da audácia dela, mesmo diante de constantes problemas, de publicar relatório de sustentabilidade. Nisso eu respondo: e ela está listada no ISE Bovespa!

É claro que uma empresa não vai deixar de ser sustentável por conta de um problema pontual com um cliente. Acontece que segundo o Sindec (Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor), há anos a TIM aparece na lista das 10 empresas mais reclamadas no Procon. Que fique claro, não só a TIM, mas diversas outras empresas que fazem parte do índice.

E aí eu me pergunto: quais critérios são avaliados para uma empresa ser listada no ISE Bovespa ou algum outro índice de sustentabilidade do mundo? Talvez a pergunta a ser feita seja: o que as bolsas de valores chamam de sustentabilidade? Ou então: qual o peso de um bom relacionamento com stakeholders na classificação das empresas? Porque por mais que esse peso seja pequeno, não tem a menor coerência manter na carteira empresas que, comprovadamente, viram as costas para os clientes.

Acontece que é muito atrativo para uma Bolsa, a cada anúncio das empresas listadas, mostrar o impacto financeiro atrelado à imagem de sustentabilidade. Em 2011, por exemplo, o valor de mercado do ISE Bovespa é de R$ 1,17 trilhão, com 46,1% das companhias com ações negociadas na bolsa. Então, por mais que o questionário seja super detalhado, super bem feito, a forma de entrada no ISE tem como fator principal o dinheiro, o potencial de lucro da empresa. Porque, convenhamos, se realmente fosse sustentabilidade, muita empresa ficaria de fora!

O triste da história é que, por causa de ações mascaradas como essa, se perde uma baita oportunidade de mostrar para o mercado corporativo que vale a pena ser sustentável. Infelizmente não fica claro que as empresas listadas possuem performance superior por causa da sustentabilidade. Mas fica claro que não importa o quanto uma empresa tem problemas com seus clientes.

Aliás, não importa se uma empresa deixou de investir em melhorias ou deixou de investir em sustentabilidade. Se respondeu direitinho ao questionário do ISE de qualquer bolsa do mundo, e gera muitos dividendos aos seus acionistas, parabéns, para o mercado de ações ela é uma empresa sustentável!

2 comentários:

Melissa Fukushima disse...

Olá Juliana
Também sempre questiono esse ponto. Não me lembro em qual fonte li sobre o ranking dos bancos em reclamações no Procon . Várias que possuem institutos ou atrelam a sustentabilidade e resp. social à sua imagem estão no topo da lista. Tive recentemente problemas com alguns e quando a questão ficou literalmente insustentável, questionava a empresa se realmente o que afirmam em seu website sobre resp. social e compromisso com cliente blablabla é verdadeiro. E como você menciona, as mesmas empresas estão há anos nos top 5 das mais reclamadas. Também questiono que raios de sustentabilidade se referem?

Paulinh@ disse...

Ai, que lindo o seu trabalho!!!! Também quero...
Me formei técnica em Meio Ambiente, mas por me identificar mais com Gestão do que com Engenharia, acabei fazendo Marketing (!). Eu sei, não faz sentido... Mas depois, comecei a trabalahr com Gestão de Projetos e vou tirar a certificação CAPM agora. No futuro, pretendo fazer um MBA em Gestão Ambiental e meu sonho é poder juntar uma coisa com a outra. Agora que vi seu blog, descobri que já existe até emprego para Gestor de Pojetos Ambientais...
Maravilhoso trabalho, parabéns!