quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A geometria da sustentabilidade

Todo mundo está cansado de saber que a base de firmação tanto do desenvolvimento sustentável quanto da sustentabilidade corporativa é o triple bottom line, que consiste em buscar um equilíbrio entre as dimensões econômicas, sociais e ambientais. Este conceito está vigente desde a publicação do Relatório de Brundtland, em 1987. Acontece que hoje o mundo é infinitamente mais complexo que 24 anos atrás. Vale lembrar que naquela época ainda existia a divisão mundial em dois blocos e a tecnologia era, comparada com os dias de hoje, incipiente.

Apesar de ainda fazer muito sentido, o triple bottom line já é um tanto quanto obsoleto; já soa estranho ignorar determinados aspectos que acabam por impactar a sustentabilidade. Pensando nisso, fiz um desenho bem tosquento para ilustrar essa evolução e saber se vocês concordam com o tripé virando, hoje, um pentágono e amanhã sabe lá Deus qual figura geométrica.


Levando-se em consideração que aquecimento global e outras catástrofes ambientais estão empurrando comunidades rurais para os grandes centros urbanos e que na maioria das grandes cidades a mobilidade é um problema crítico, acho fundamental a geografia ganhar o seu espaço dentro da sustentabilidade, mesmo quando se fala da sustentabilidade nas empresas. 

Mas querem saber o mais interessante da história? Esses cinco pilares foram propostos por Ignacy Sachs em 1997 quando escreveu sobre novas configurações rurais-urbanas e o caos no Brasil e na Índia. Pergunto: o que foi feito, principalmente no Brasil, nesses 14 anos de problemas exaustivamente anunciados?

Mas enfim, o que vocês acham dessa proposta? Ou o triple bottom line ainda dá para o gasto?

4 comentários:

Fabrício K. Merlin disse...

Eu diria que "obsoleto" não seria a palavra mais adequada para o Triple Bottom Line (TBL)... talvez 'antigo' soaria mais coerente.
A idéia das dimensões é mais velha que a formalização do conceito de desenvolvimento sustentável pela UNWCED(1987), o qual, particularmente, não considero sequer como um conceito... pelo seu caráter essencialmente político, estaria mais para um princípio e não um conceito científico...
O TBL existe há mais de 250 anos, só que em termos do tradicional capital, mão-de-obra e terra. Desde o século XVIII até os 'dias atuais' houve muitas mudanças no modo como produzimos e consumimos. É claro que isso também repercute nas representações que utilizamos para identificar e organizar as nossas preocupações. O TBL e as cinco dimensões do prof Sachs se tratam disso. Há outros modelos que levam em consideração outras dimensões, de acordo com as necessidades dos atores envolvidos, sejam eles empresas, governos, sociedade civil etc.
Acredito que o TBL 'dá para o gasto', pois é uma referência para organizarmos as preocupações que temos, especialmente para com o quê chamamos de desenvolvimento sustentável. Expandí-lo em mais dimensões é uma decisão que, dentre outros fatores, deverá levar em conta qual é a sua finalidade.

saulo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
saulo disse...

Falando sobre "comunidades rurais sendo empurradas para o espaço urbano", eu tive em Juazeiro do Norte, Ceará, e constatei o aumento exagerado de motos, ainda mais motoboys, que, na maioria, são pessoas que saíram da zona rural.

É um exemplo bem pontual.

Selma disse...

O social e o cultura ao meu ver poderiam ser unidos, mas já pensou em acrescentar em seu "tripé" o aspecto político?