segunda-feira, 4 de junho de 2012

A importância da área de relações institucionais/comunidades para as empresas


Acompanho muito de perto as movimentações de sustentabilidade corporativa tanto do ponto de vista de negócios, quanto de empregabilidade. Saber que tipo de profissional as empresas estão contratando é uma sinal claro que elas dão de suas necessidades, de onde o calo aperta e como lidam com o assunto tanto internamente, quanto externamente.

Nos últimos meses tenho visto um boom de vagas abertas para a área de relações institucionais ou relações com comunidades. Não é à toa que isso acontece. Com a área de infraestrutura a mil e a vocação do país para as commodities, as empresas sabem que para um bom relacionamento com o seu entorno e, consequentemente, uma operação sem sobressaltos, é necessário muito mais que projetinhos sociais de música ou esporte.

Saindo da realidade da maioria dos que leem esse blog, indo para o interiorzão do Brasil, que é onde se encontra a maioria das unidades produtivas das empresas (principalmente as extrativistas), vemos o quão estratégico e importante é o trabalho do profissional de RI. É um trabalho extremamente delicado, pois lida, muitas vezes, com cobranças que, na verdade, não deveriam ser de responsabilidade de empresas.

A área de RI se relaciona com multistakeholders que, naturalmente, têm interesses muito variados. Alcançar a unanimidade é quase impossível e é preciso um trabalho bastante criterioso para saber qual grupo de interesse se deve atender plenamente em detrimento de outro e o impacto que isso gera na empresa.

Há, ainda, uma linha muito tênue entre a filantropia e a relação com comunidades. Em muitos casos, RI/RC funciona doando dinheiro, mas são doações cujo impacto e interesse são muito maiores do que apenas o retorno de imagem ou a pose de empresa boazinha. O que está em jogo aqui é, simplesmente, a viabilidade de operação do negócio.

Para vocês terem ideia do que estou falando, em muitas cidades, a empresa acaba tendo de fazer um papel que, em tese, é do governo. Repito: não são projetos musicais, esportivos ou mesmo geração de renda. É construir escola, hospital, asfaltar rua, iluminação, segurança... E para dar mais emoção, têm-se os meandros da relação setor-público x setor-privado, porque, na verdade, o dinheiro neste caso é privado, mas a execução é pública.

Por mais que não esteja ligada, diretamente, ao core business, se pensarmos em um planejamento estratégico sustentável, dependendo do segmento de atuação da empresa, é fundamental estabelecer um plano estruturado para RI. Alguém imagina, por exemplo, o que seria, hoje, a cidade de Parauapebas, onde fica o distrito de Carajás, sem a intervenção da Vale?

Ou melhor, alguém acha que a Vale conseguiria alguma coisa lá sem ter investido no desenvolvimento da cidade? E aí não falo só de licenciamento ambiental, concessões públicas ou direito de extrair minério. Falo do básico mesmo, de proporcionar uma infraestrutura que atraísse e retivesse mão de obra para a operação de seu negócio na região.

Trazendo a importância da área para uma realidade menos remota, alguém imagina a bomba relógio que seria a REDUC sem uma atuação da Transpetro nas comunidades do entorno? Ou então vocês acham que a Linha Amarela seria viável se não tivesse uma equipe da Invepar trabalhando constantemente com as comunidades que cercam os 20km de pista?


E não se esqueçam:

Curso de Introdução à sustentabilidade corporativa em junho no Rio de Janeiro / RJ - Dias 14 e 15 de junho/2012. Mais informações: http://migre.me/9e0wa

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