quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O real valor de uma economia que a economia real não vê

Quando a gente fala das riquezas geradas por um país, uma cidade, uma região, o principal indicador que mede essas riquezas é o PIB. Como isso é calculado? Fácil. É a soma de dinheiro de todos os bens e serviços finais produzidos durante um determinado período. Simplório, não? Mas é exatamente isso que é o PIB. E por isso é tão falho.

No ano passado li um livro bem legal, chamado Mercado Ético. Um dos capítulos fala sobre a economia do amor. Nele, a autora passa alguns dados interessantes sobre a riqueza gerada pelos países: pelo menos 50% de toda produção, mercadorias e serviços em todas as sociedades industriais e de 65% a 70% em diversos países em desenvolvimento não entram na estatística porque não são remunerados. Alô PIB, cadê você?

Segundo a autora, Hezel Henderson, quando um sistema monetário entra em crise (ouvi um eco de Brasil, il, il, il?), as pessoas podem criar moedas locais, fazer trocas, podem compartilhar bens e serviços, podem vender aquilo que não precisam mais. Vou além. Não precisa um sistema financeiro entrar em crise para isso acontecer. O mundo está simplesmente mudando a forma de encarar uma economia sisuda, chata e completamente ultrapassada.

Falei de tudo isso para entrar na questão do voluntariado, que tem grande parcela de responsabilidade nessa economia do amor. A quem interessar possa, três textos sobre voluntário no blog: aqui, aqui e aqui. O primeiro fala do voluntariado nos Jogos Olímpicos, o segundo sobre como uma pessoa pode iniciar a carreira em sustentabilidade sem ter experiência na área e o terceiro sobre como as empresas podem por em prática um voluntariado corporativo que gere satisfação pessoal e também benefícios para a empresa.

Mas enfim, fiz uma mega enrolação para falar de um voluntariado específico. Um que salva vidas. Na semana passada tive a oportunidade de conhecer o Hemorio de uma forma muito maior do que eu imaginava ser, um mero banco de sangue. Além de distribuir sangue para cerca de 200 unidades de saúde no estado, o Hemorio é um hospital referência em doenças relacionadas ao sangue. E faz um trabalho primoroso!


Mas voltemos a falar de doações. Por lei, nenhuma doação de sangue pode ter caráter remuneratório. O que faz muito sentido. Afinal, qual a confiabilidade de um banco de sangue privado, cujo objetivo central é o lucro? Ah, se der problema depois é só processar. Fala isso para a família do Betinho, do Henfil e do Chico Mário, por exemplo. Tem coisas que simplesmente são de responsabilidade única e exclusiva do Estado. Ponto.

Então, a doação de sangue tem de ser, necessariamente, voluntária. Para a boa manutenção do banco, o ideal é que 5% da população seja doadora. Em alguns países da Europa esse número chega a 7%. No Rio, a média é de 1,5%, o que faz com que o estoque de sangue do Hemorio esteja sempre em nível bem abaixo do necessário. Sem contar que esses números são uma baita contradição, já que o perfil do carioca sempre foi de ser um povo solidário.

O que acontece é que qualquer pessoa, independente das que precisam de sangue regularmente, qualquer um, em qualquer situação, pode precisar de sangue. E quando falo de qualquer um, falo de você, de mim, do nosso melhor amigo, dos nossos familiares, que, de uma hora pra outra, podem sofrer um acidente e precisar de, sei lá, quantas bolsas de sangue para uma cirurgia de emergência. Mas e se não tiver?

Para estimular a doação, o Hemorio lança, de tempos em tempos, campanhas para engajar a população. Esta semana, por exemplo, é a semana nacional do doador voluntário de sangue. Junto com a campanha, o Hemorio lançou o Hemopics, que permite que todos compartilhem fotos nas redes sociais mostrando o nível de estoque de sangue da instituição. Isso não só impulsiona o engajamento e a mobilização das pessoas, como também permite que aqueles que não podem doar ajudem de alguma forma. Que tal tirar uma selfie do bem?      

A semana do doador acaba amanhã. A ação que está acontecendo na Cinelândia acaba hoje, daqui a pouco, às 17h. Mas para fazer o bem não precisa ter dia nem hora marcada. E muito menos deve ser feito apenas quando alguém próximo precisar. Que tal reunir alguns amigos e celebrarem a amizade em algum hemocentro na sua cidade? #vemdoar

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