segunda-feira, 17 de abril de 2017

Sustentabilidade e a sexta onda de inovação

De tempos em tempos o planeta passa por uma onda de inovação que chacoalha as bases. Um dos primeiros a tratar desse fenômeno foi Joseph Schumpeter, um dos principais economistas da primeira metade do século XX. Sua grande teoria procurou explicar os ciclos de expansão e retração que o mundo passava em períodos de, mais ou menos, 60 anos. 

Os chamados Kondratieff waves, ou super ciclos, consideravam as inovações tecnológicas como motor de desenvolvimento do sistema capitalista. Por meio dessas ondas, Schumpeter procurava explicar como uma inovação era capaz de tirar a economia do seu estado de equilíbrio e fazê-la passar por um processo de expansão, estagnação e retração. Até que vinha outra onda e repetia o processo. 

A primeira onda identificada tem como marco mil setecentos e bolinha, impulsionada, obviamente, pela revolução industrial. A segunda onda, em mil oitocentos e blau, foi marcada pela energia a vapor e as estradas de ferro. A terceira onda teve como marco a eletricidade e combustão interna, a quarta onda a produção de massa e a quinta onda as TIC, as redes digitais e biotecnologia. 

Se pensarmos na história econômica do século XIX e XX, principalmente a do século XX, vamos perceber que esses super ciclos estão ficando cada vez menores. Os 60 anos projetados por Schumpeter se tornaram 50 da terceira para a quarta onda, que se tornaram 40 da quarta para a quinta onda. 

É claro que quando passamos de uma onda para outra não deixamos para trás os marcos anteriores. Ninguém deixou de comer porque a partir do século XVIII o mundo se industrializou, assim como ninguém abriu mão do ferro quando a segunda onda passou, e a indústria não vai acabar porque a economia do século XXI é baseada no sociedade do conhecimento. 

Digo isso porque apesar de agora estar um boom de inteligência artificial, deep learning, realidade virtual, redes digitais e afins, isso diz respeito à quinta onda da inovação. Que, acredita-se, esteja chegando ao fim. É claro que não existe uma data certa para começar a sexta onda de inovação. Na verdade, creio eu, ela vai dividir protagonismo com a quinta onda por muito anos. 

Sexta onda. Inovação. Mas, afinal, que onda é essa? Queridos amiguinhos, é com muita alegria no coração que vos digo que a sexta onda da inovação é a sustentabilidade. Mas como assim, Julianna? Sustentabilidade já está aí há um cacetão de tempo. No que ela ficou diferente para ter uma onda só dela?

Sim, a sustentabilidade corporativa existe há muito tempo. E há muito tempo ela vem sendo tratada como periférica. Não, isso não é ranço meu. É fato. O modelo econômico do século XX nunca permitiu que a sustentabilidade fosse protagonista de uma empresa. Você conhece diretor de sustentabilidade de alguma indústria que tenha virado CEO? Eu não. Mas ok, vida que segue. 

E por que, então, em questão de algumas décadas, a sustentabilidade está saindo da área periférica para brilhar linda e dadivosa no mundo dos negócios? Tecnologia e necessidade. Aquecimento global, escassez de matéria prima e recursos naturais, 2050 com 10 bilhões de pessoas, urbanização frenética. Basicamente. 

Quando se fala da sexta onda de inovação, não é a sustentabilidade que a gente vê dentro da maioria das empresas hoje em dia. Não é aquela área que faz relatório, participa de câmaras temáticas, se inscreve em alguns prêmios ou fica fazendo trabalho de engajamento com os stakeholders. Estou falando de sustentabilidade de verdade. Business, my friend. 

O que chamam de a sexta onda tem a ver com aumento radical na produtividade de recursos, biomimetismo, química sustentável, design de ciclo fechado, ecologia industrial, nanotecnologia sustentável e o xodó da atualidade, energia renovável. Quando se fala em ciclo fechado de design, por exemplo, é pensar nas bases da economia circular, mas de uma maneira muito mais estratégica do que é feito hoje. É contemplar desde o momento da concepção o ciclo de vida inteiro de um produto. 

Quando se fala de produtividade radical de recursos, não é ficar medindo indicadores ambientais para não detonar com nenhuma das licenças da empresa. É mudar tão radicalmente o modo de produção, a ponto de um produto, até mesmo, deixar de existir. É a pasta de dente que deixa de ser fabricada e no lugar cria-se mercado para um chiclete sem açúcar com a mesma funcionalidade ou então alguém desenvolve um modelo de escova que não precisa mais nada além dela. 

Quando se fala em energia renovável, não é pensar em grandes obras civis para construir usinas hidrelétricas ou mesmo gigantescos parques eólicos ou solares. É utilizar o smart grid para descentralizar a rede, estimulando a micro e a minigeração e forçando o setor inteiro a mudar suas premissas de geração, transmissão e comércio de energia. 

Parece loucura? É assim que funciona uma onda de inovação. Muito antes de chacoalhar o mercado, ela chacoalha a nossa cabeça. Ela gera desconfiança, ela gera desconforto e, não raro, ela gera medo. Mas ela chega. Doa a quem doer. Queira ou não. O marco para a sexta onda da inovação é 2020. Ou seja, amanhã. O que eu tenho a dizer sobre isso? 

Chega logo!


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1 comentários:

Unknown disse...

Fala Juliana, tudo bem? Bom concordo que a sexta onda tenha em partes sustentabilidade, porém não somente ela , estamos entrando na sexta onda aonde a Robótica , inteligência artificial basicamente estão em todos os cantos e fora os modelos de eletrônicos autônomos inclusive veiculos, que sim tem energia sustentável porep tem um avanço enorme que seria o fato de dirigirem sem necessidade humana! Computadores quânticos estao para virar realidade etc.. enfim acredito que sustentabilidade é uma das tendenten dessa nova onda porém nem de longe a única. Parabéns pelo texto