quarta-feira, 25 de março de 2020

Você sabe o que é cultura de sustentabilidade?

Antes de responder a pergunta, já digo de antemão que essa expressão, sequer, existe. Na verdade, eu me apropriei do conceito que vem da área de segurança do trabalho e ajustei para o contexto da sustentabilidade. 

Mas enfim, o que seria cultura da sustentabilidade?

Pegando ainda a definição de segurança e a adaptando, seria um conjunto de práticas e atitudes compartilhadas com os colaboradores de uma empresa com o objetivo de tornar essa empresa sustentável. Quando digo conjunto de práticas e atitudes, eu estou indo além do óbvio visível, de ação no dia a dia, mas incorporar a cultura da sustentabilidade à estratégia e tomada de decisão.

E é justamente aí, neste ponto, que o olhar da cultura da sustentabilidade mais se difere da cultura da segurança. Para começo, a cultura de segurança é tangível. Você consegue comparar ano a ano a escalada a partir da quantidade de acidentes, horas de afastamento, óbitos, perdas financeiras...

A sustentabilidade que vai muito além de legislação ou mesmo gestão ambiental, a que tem viés holístico e sistêmico, essa sustentabilidade é, absolutamente intangível, apesar de se ter alguns mecanismos de medição. A questão é que ela é muito mais voltada para a geração de valor, por isso é tão complexo medir o quanto uma empresa está ampliando ou amadurecendo essa cultura.

Além disso, a sustentabilidade é fundamentada em uma relação de causa e efeito que não é nada direta. Tipo, o que significa uma empresa que deixou de emitir não sei quantas mil toneladas de CO2 ou deixou de poluir um curso hídrico do seu entorno? O quanto a ação de uma empresa valorizou por ela ser sustentável ou o quanto o mercado a enxerga como mais confiável por ela ser, efetivamente, uma empresa sustentável?

Acontece que ter esse tipo de questionamento e obter as respostas não são a porta de entrada da cultura da sustentabilidade numa empresa. Pelo contrário, para mim é a ponta final de um processo longo e repetitivo. E se uma empresa está pronta para esse nível de sofisticação, significa que ela passou pelo maior desafio da cultura da sustentabilidade, que é o de engajamento.

Na verdade, o engajamento é o ponto crítico para o desenvolvimento de qualquer cultura organizacional. Seja sustentabilidade, segurança, inovação, diversidade, o que for. Não se esqueçam disso: ENGAJAMENTO. E o maior dos problemas é que muita gente, muito RH, insiste que para ter colaboradores engajados basta montar um programa de treinamento e aplicaá-lo pra todo mundo da mesma forma.

Hum... creio que não. Não mesmo.

Quando a gente fala de engajamento, as razões que levam uma pessoa a ser engajada são absolutamente pessoais. É de dentro para fora. Independente da área em que ela trabalha ou o nível hierárquico que ela ocupa. O engajamento é único. Colocar numa sala 40 pessoas com diferentes motivações, diferentes perspectivas, diferentes entendimentos e padronizar a informação passada é um belo convite para o nada. Tempo e dinheiro jogado fora. E convenhamos, olhem o orçamento que a área de treinamento tem e façam o ROI disso. Duvido que a conta feche!

Enfim, entender o perfil dos colaboradores, como eles absorvem conhecimento, a percepção que eles têm para a sustentabilidade e como se relacionam com ela no dia-a-dia é chave para o desenvolvimento dessa cultura na empresa. Não adianta simplesmente achar que criar um EaD, colocar o presidente para falar, escrever sustentabilidade na missão e nos valores e, até, inclui-la nas metas anuais vão transformar uma massa de colaboradores em pessoas engajadas. Não vai. E de novo, vai ser só tempo e dinheiro jogados fora.


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