terça-feira, 24 de novembro de 2009

As empresas e o índice de sustentabilidade das bolsas de valores

Há alguns anos as empresa voltadas para negócios financeiros se atentaram à importância da sustentabilidade corporativa. Seja por tratados como os Princípios do Equador ou possibilidades de lucro como o microcrédito, a questão é que, nesse setor, a sustentabilidade veio para ficar. Além desses exemplos, não há como deixar de citar as bolsas de valores, que ao criarem índices privilegiando empresas sustentáveis, criou um novo paradigma no mercado internacional.

O caso mais famoso é o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), que lançado em 1999, foi o primeiro a avaliar o desempenho das empresas listadas na Bolsa de Nova York utilizando critérios de sustentabilidade. Ele vem a ser um conjunto de índices que avalia o desempenho de empresas de capital aberto, líderes em sustentabilidade por área geográfica e setores industriais.

Para serem incluídas no DJSI, as organizações devem preencher um questionário detalhado, que é renovado a cada ano, para em seguida passarem por auditoria externa. As empresas que compõem o índice fazem parte do grupo de 10% das lideranças mundiais em sustentabilidade, que engloba 70 setores em 22 países. Bradesco, Itaú-Unibanco, Itaúsa, Aracruz, Cemig, Redecard e Petrobras são as atuais empresas brasileiras presentes no DJSI.

Na cola do Dow Jones, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa (ISE) surgiu em 2005 a partir da demanda de entidades para a criação de um índice composto somente por ações de empresas negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo e que se destacam em responsabilidade social e sustentabilidade.

Envolvendo diversos stakeholders na iniciativa, as ações e os critérios desenvolvidos para o ISE são validados pela sociedade civil. Para avaliar as empresas candidatas, o CES-FGV (Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas) criou um questionário que envolvesse não apenas temas relacionados ao triple botton line, mas também critérios gerais, (ex. a posição da empresa perante acordos globais), critérios de natureza do produto (ex. se o produto da empresa acarreta danos e riscos à saúde dos consumidores) e critérios de governança corporativa.

Revisado anualmente, o ISE atualmente é composto por 30 empresas de 12 setores, com valor de mercado de 374,2 bilhões de reais. Um número expressivo, mas que com toda a crise recente, sofreu um grande revés. Para se ter uma idéia, no ano passado eram 32 empresas listadas, com valor de mercado de 927 bilhões de reais, correspondendo a 39,6% da capitalização da Bovespa.

Além do DJSI e do ISE, há diversas outras bolsas que aderiram ao índice de sustentabilidade, como a de Londres, que em 2001 lançou o FTSE4Good e a de Johannesburg, que em 2003 lançou o SRI e levou a África do Sul a ser o primeiro país emergente a incorporar a sustentabilidade ao mercado de ações. O bom da popularização desse tipo de índice é que além deles serem bastante rentáveis e apresentarem riscos menores aos investidores, para fazer parte deles as empresas são obrigadas a se adaptarem a uma série de boas políticas voltadas para a responsabilidade social e ambiental, deixando um ótimo legado para os futuros administradores.

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