sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Equilíbrio, educação e sustentabilidade

Não, o mundo não é sustentável. Nunca foi. A diferença é que hoje o mundo é muito menos sustentável que antes. Por mais cuidado que se tenha, por mais bem intencionado que sejam, as pessoas, as empresas deixam rastro, deixam resíduos, geram impacto. E o desafio é justamente ter o equilíbrio para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado. Desenvolvimento este, que, repito, também deixa rastro, resíduo e impactos.

Acontece que tem gente que acredita que é possível plenamente sustentável. Não é. E fica até chato quando uma ala radical quer impor esse estilo de vida. Se a gente pensar em transporte, sim, é mais sustentável se locomover de bicicleta do que de carro. Mas ainda assim a fabricação da bicicleta gerou um impacto, os pneus são feito de borracha, há um processo químico no aço, no alumínio, nas partes de plástico e blá, blá, blá.

Por que estou falando isso? Recentemente São Paulo proibiu o uso de sacolas plásticas nos supermercados. No Rio, em 2009, uma lei parecida foi criada, mas, pelo que percebi, não deu muito certo por razões que eu desconheço. E tomando as sacolinhas como exemplo, devemos ter em mente que a sustentabilidade é calcada na relação de causa e consequência.

São Paulo proibiu o uso das sacolas em supermercados. Gerou uma série de transtorno nas compras, principalmente nas compras de mês. Ok, é uma questão de adaptação. Os custos da sacola eram repassados no preço dos produtos. O custo das sacolas retornáveis é de responsabilidade do consumidor. Dizem que o desconto será repassado. Eu duvido, até porque há N formas de mascarar isso.

Muitos brasileiros, se não a maioria, têm o hábito de usar as sacolas de supermercado para fazer o descarte de lixo. Com a proibição, terão de comprar sacos de lixo, ou seja, além do custo (e é preciso lembrar sempre que aspectos financeiros também é sustentabilidade), é plástico da mesma forma. E aí fica clara a posição do governo em relação a qualquer pressão de stakeholder.

A sociedade pressiona, pressiona e pressiona, assim como a opinião pública. Para dar uma resposta rápida e mais fácil, o governo cria leis sem se preocupar com as consequências. Sustentabilidade começa com educação. As sacolas de plástico se tornaram um problema por falta de educação, basicamente. Educar, qualquer pai e mãe podem corroborar o que eu vou dizer, de forma alguma é fácil. Além de difícil, é lento, trabalhoso. E não vejo as esferas governamentais brasileiras preocupadas com qualquer tipo de educação.

Tirando a responsabilidade do governo e voltando ao ponto chave dos primeiros parágrafos, equilíbrio. Retirar as sacolas de plástico do mercado não vai resolver o problema, mas sim utilizá-las com parcimônia, assim como viver a vida com o suficiente, sem necessidade de excessos ou exageros. Isso é sustentabilidade de verdade.

E não se esqueçam: últimos dias para se inscrever no curso de introdução à sustentabilidade corporativa no Rio de Janeiro dias 04 e 11 de fevereiro. Mais informações:  http://migre.me/7wrGTou http://migre.me/7DYMN

3 comentários:

Jose Furtado disse...

Julianna, o que você quer dizer por "o mundo nunca foi sustentável"? você é instrutora deste curso?

Julianna Antunes disse...

José, instrutora de que curso?

O que eu quero dizer é que por mais que procuremos viver de forma que impacte menos o meio ambiente, por mais que as empresas trabalhem orientadas para isso, esse menos ainda é um impacto. A diferença é que quando o impacto é grande, os problemas aparecem mais rápido. Mas cedo ou tarde eles aparecem.

Do ponto de vista empresarial, pensa em atividades de mineração, petróleo, agricultura. Nós precisamos delas e ainda que sejam conduzidas de forma sustentável, geram impactos.

Ok, pensemos em energias limpas: hidrelétricas causam impacto profundo nas regiões do entorno. Impactos ambientais e sociais. Energia solar não é economicamente viável. Energia eólica causa impactos profundos na fauna local.

E aí, o mundo foi, é ou será sustentável?

Jose Furtado disse...

Oi Julianna, o fim do texto fala de um curso de introdução à sustentabilidade corporativa.

Acho que entendi. O que não estava claro é que você chama de "mundo" o que eu chamaria de "civilização humana nos moldes que ai estão". O Planeta, o mundo, a natureza e seus ciclos são sustentáveis. A intromissão do homem nestes ciclos altera o equilíbrio inicial levando a natureza a buscar outros pontos de equilíbrio. Ela, natureza, há de sempre, invariavelmente, se reequilibrar. A questão que resta ao homem é se o equilíbrio resultante será um planeta habitável e com que tipo de qualidade de vida (humana).
Enfim, entendo que o mundo é, foi e será sustentável. Com certeza porém, não é viável que todos os seres humanos (+7Bi) vivam nas condições que nós dois, por exemplo, vivemos. Ou seja, nosso estilo de vida é insustentável. O modelo econômico que se baseia no eterno crescimento e aumento da demanda e do acúmulo, é insustentável.